Desenvolvimento de habilidades e competências para conceber projetos integrados de edificações complexas, de desenho urbano e de paisagismo de espaços livres, envolvendo problemas de requalificação de áreas urbanas degradadas, de mobilidade urbana e de intervenções de alto impacto ambiental. Capacidade de problematizar situações por meio da análise crítica dos aspectos sociais, econômicos, ambientais, técnicos, legais e do espectro de necessidades, aspirações e expectativas individuais e coletivas relativos à produção e ao uso do espaço. Proposição e representação do projeto para a realização da construção.
Profa. Dra. Gisela Barcellos de Souza – URB
Profa. Dra. Luciana Souza Bragança – PRJ
Prof. Dr. Marcos Felipe Sudré Saidler – URB
Profa Dra. Juliana Torres de Miranda – PRJ
A disciplina Projeto Integrado de Arquitetura e Urbanismo (PIAU) tem como objetivo investigar, por meio da elaboração de um projeto urbano e arquitetônico de espaços e infraestruturas públicas, as possibilidades abertas por um conjunto de propostas em debate para a cidade e para a Região Metropolitana de Belo Horizonte: o PlanMob, a linha 2 de Metrô, o Novo Plano Diretor, o PDDI e o Macrozoneamento Metropolitano.
Neste semestre, esse conjunto de propostas ⎯ considerando as afinidades e dissonâncias entre essas ⎯ será examinado a partir de duas questões: (1) a execução da linha 2 de metrô de BH (Barreiro-Calafate), considerando a previsão de uma ESTAÇÃO integrada de modal sobre trilhos (Estação Amazonas); (2) a questão das ÁGUAS em BH, investigando a relação Cidade x Natureza a partir da confluência das águas do Ribeirão Arrudas, dos Córregos do Bonsucesso e Betânia, de um canal fechado que partem da encosta do Vista Alegre e de afloramentos junto às margens. O contexto local de estudo compreende, portanto, as áreas de domínio da ferrovia (futuro trilho do Metrô), o Ribeirão Arrudas, a Avenida Tereza Cristina, a avenida Amazonas, englobando áreas de grandes equipamentos, dos bairros Nova Suiça, Nova Gameleira, Vila Guaratã e Salgado Filho.
Dar-se-á ênfase na articulação do projeto urbano-arquitetônico à micromobilidade urbana; ou seja, deve-se investigar as possíveis articulações entre uma rede de transportes não motorizados, ônibus e a estação de metrô proposta, bem como sua interação com táxis/aplicativos, cargas e veículos automotivos individuais. A partir da análise crítica dos diferentes planos elaborados para a cidade e a RMBH, dever-se-á formular uma hipótese transescalar para o lugar a partir da inserção da nova estação e investigar novas estratégias de intervenções urbanas. O projeto integrado de arquitetura e urbanismo deverá contemplar a construção de infraestruturas de articulação entre a nova estação de metrô e seu entorno, o emprego de instrumentos de política urbana que conduzam os seus impactos aos efeitos almejados no entorno, bem como elaborar propostas para micro e/macrodrenagem e proporcionar a valorização de espaços livres públicos. As soluções a serem investigadas no PIAU deverão considerar os pressupostos da inclusão social e da sustentabilidade socioambiental, bem como potencializar o convívio social e as manifestações públicas da vida urbana democrática.
As significações imaginárias e simbólicas sobre o que sejam “cidades mais justas e sustentáveis” são diversas e atravessadas pelos valores instituídos. Para ampliar tais significações é preciso acionar linguagens diversas, oriundas dos campos técnicos e poéticos.
Para um mesmo fato, surge mais de uma narrativa que explica/justifica tal fato, ou seja, há muitas figurações que precisam ser expandidas, antes que se faça uma separação precoce do que possa ser falso ou verdadeiro, exato ou figurativo. A partir da diversidade de narrativas, orbitam atores humanos e não-humanos diversos, antagônicos ou não.
A cartografia como metodologia assume a pesquisa como dispositivo de intervenção, produtora de acontecimentos abertos à imprevisibilidade da ação.
O movimento alternado do observador-pesquisador, ora em direção ao processo que pretende analisar, ora se afastando dele, desestabiliza a separação entre sujeito e objeto, tornando sujeitos políticos tudo e todos os envolvidos nos processos, com vozes e saberes a serem compartilhados, e, por isso, passíveis de transformação.
Várias atividades extensionistas desenvolvidas pelo Natureza Política se aproximam das práticas de Assessoria Técnica, na medida em que demandas socioespaciais são trazidas por moradores e/ou lideranças comunitárias. Contudo, essas demandas são sempre problematizadas, tendo em vista a sua articulação à pesquisa e à produção de uma ciência viva e engajada socialmente, na fricção do erudito e do popular, resultando em um conjunto de técnicas e procedimentos coletivamente acordados, que visa a inclusão social e a justiça ambiental.
O chamado “giro espacial” é identificado a partir de uma mudança de ênfase da dimensão temporal para a dimensão espacial da sociedade, mudança esta ocorrida, aproximadamente, a partir do início da década de 1980 em termos da reflexão teórica, mas com raízes concretas que remontam aos movimentos culturais e eco lógicos dos anos 1960-70. O termo “giro decolonial” foi “cunhado originalmente por Nelson Maldonado-Torres em 2005” e “basicamente significa o movimento de resistência teórico e prático, político e epistemológico, à lógica da modernidade/colonialidade.
(HAESBAERT)
A única práxis emancipadora é aquela que faz do comum a nova significação do imaginário social. Isso significa também que o comum, […], sempre pressupõe uma instituição aberta para a sua história, […], para tudo aquilo que funcione como o seu inconsciente.
(Dardot&Laval, 2016, p.368)
O comum deve ser pensado como co-atividade (…) somente a atividade prática dos homens pode tornar as coisas comuns (…), pode produzir um novo sujeito coletivo.
Se existe “universalidade”, só pode ser trata-se de uma universalidade prática.
(Dardot&Laval, 2016, p.40)
A história é impossível e inconcebível fora da imaginação produtiva ou criadora, do que nós chamamos imaginário radical tal como se manifesta ao mesmo tempo e indissoluvelmente no fazer histórico, e na constituição, antes de qualquer racionalidade explícita, de um universo de significações.
(Castoriadis, 1982, p.176)
A emancipação advém tanto da compreensão dos mecanismos de poder e sujeição, quanto da destituição da forma de agência que tais mecanismos pressupõe (…) A emancipação é uma deposição do saber, é uma decomposição da voz e a instauração de uma nova gramática de poder na vida social.
(SAFATLE)
“Um conjunto decididamente heterogêneo que engloba discursos, instituições, organizações arquitetônicas, decisões regulamentares, leis, medidas administrativas, enunciados científicos, proposições filosóficas, morais, filantrópicas. Em suma, o dito e o não dito são os elementos do dispositivo”
(Foucault, 2015, p.364)
O poder tem que ser analisado como algo que circula, ou melhor, como algo que só funciona em cadeia.
(FOUCAULT)