natureza política

Uma abordagem Multiespécie nos rios urbanos

Análise e aplicação de indicadores para as margens dos rios urbanos

PRJ089 | Contexto da disciplina

No primeiro semestre de 2023, as possibilidades de projetos multiespécies, os impactos da urbanização nos rios urbanos, as contribuições dos jardins para os rios estavam sendo discutidas pela pesquisa Jardins Possíveis e águas nas cidades, pela rede ibero-americana de pesquisa RUN Cyted (Rios Urbanos naturalizados), pesquisa Assessoria técnica em conflitos sócio ambientais.  e na extensão pelo programa Natureza Política.   Os alunos dos cursos de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG foram convidados a problematizar a forma como pensam os espaços da cidade a partir dos projetos de arquitetura para margens dos rios urbanos usando come ferramenta de decisão projetual indicadores de qualidade do espaço público.  A disciplina teve a contribuição da Professora Natasha Cabrera da Universidade de Cuenca, Equador.

A ementa propõe o desenvolvimento de habilidades e competências para conceber projetos de arquitetura, urbanismo e paisagismo. Capacidade de problematizar situações por meio de análise crítica dos aspectos sociais, econômicos, ambientais, técnicos, legais e do espectro de necessidades, aspirações e expectativas individuais e coletivas relativos à produção e ao uso do espaço. Proposição e representação do projeto para realização da construção.

Objetivos

A disciplina tem o objetivo de desenvolver no aluno as seguintes habilidades:

  • Propor projetos de desenho urbano e paisagísticos para as margens de rios urbanos a partir de indicadores;
  • Avaliar a acessibilidade, conectividade e conforto nas margens dos rios para os humanos  através de indicadores propostos pela Universidade de Cuenca Equador;
  • Avaliar a conectividade para fauna e flora, condições de vida para fauna e flora urbana nas margens dos rios através de indicadores propostos pela pesquisa Jardins Possíveis e as águas na cidade e Assessoria  a partir de uma perspectiva de projetos Multiespécie nas cidades;

Metodologia

A disciplina foi desenvolvida no âmbito da Rede Ibero-americana de Estudos de Rios Urbanos Naturalizados RUN – CYTED  – com a participação, de maneira remota, da professora Natacha Cabrera da Universidad de Cuenca, Equador  em algumas aulas. A disciplina também contou com a monitoria dos bolsistas de pesquisa Alana Oliveira e Antônio Libânio.

Foram desenvolvidas as seguintes etapas:

Primeira etapa: apresentação, discussão e entendimento dos indicadores;

  • Apresentação da disciplina
  • Apresentação dos indicadores pela professora Natasha Cabrera 

Segunda etapa: Visita ao local e aplicação dos indicadores no Córrego navio Baleia na bacia do Ribeirão do Arrudas;

  • Visita técnica 
  • Seminário Equador

Terceira etapa: proposição de projetos com objetivo de melhorar esses indicadores e reaplicação dos indicadores a partir do projeto proposto. 

  • Desenvolvimento do projeto
  • Apresentação do projeto
  • Reaplicação dos indicadores
  • Apresentação da relação entre projeto e melhoria dos indicadores

A bacia hidrográfica do córrego navio Baleia foi dividida em três trechos. 

Cada grupo de 5 alunos ficou responsável pelo desenvolvimento do projeto em um trecho.

Apresentação

Exercício Inicial

Cada grupo aplicou os indicadores em um dos trechos da bacia hidrográfica do córrego navio Baleia. Foi realizada também uma avaliação qualitativa do trecho baseada nas visitas ao local, conversa com moradores e pesquisa de dados sobre o local.  A partir da proposta de melhorar alguns desses indicadores os alunos propuseram diretrizes de projeto.

Cenário 1

Cenário 2

Cenário 3

Exercício Final

Os alunos produziram um anteprojeto para o trecho, reaplicaram os indicadores e construíram, individualmente, um entendimento de como o projeto influenciou na melhoria dos números.

Cenário 1

Cenário 2

Cenário 3

Resultados

A proposta da disciplina era a de usar indicadores para avaliar projetos de arquitetura para rios urbanos. Além disso, a proposta era testar os indicadores produzidos pelo Natureza Política a partir dos indicadores de Cuenca, que levavam em consideração a possibilidade de projetos Multiespécie para a cidade, incorporando outros agentes como animais e plantas como centrais nas propostas de projeto. O uso de instrumentos matemáticos como os indicadores para propor projetos pode ampliar a possibilidade de comparação entre projetos, elencar eixos de atuação, comparar possibilidades, sendo bastante importantes nas propostas de políticas públicas.

Alun@s

Andressa Ferreira Vaz De Deus

Bruno Mozart Da Cunha Silva

Davi Rodrigues Dos Santos

Esther Kanda Cardozo

Gabriel Verissimo Lacerda

Jade Alvarenga Dalfior

Lara Ribeiro Colares

Luana Dias Alves

Luisa Fiorot Dell Santo

Luisa Vicentini Sonego

Mariana Mizobe Hirata

Matheus Da Cunha Carvalho

Victor Lucas Gonçalves

Vinicius Pinheiro Pereira

linguagens técnicas e poéticas

As significações imaginárias e simbólicas sobre o que sejam “cidades mais justas e sustentáveis” são diversas e atravessadas pelos valores instituídos. Para ampliar tais significações é preciso acionar linguagens diversas, oriundas dos campos técnicos e poéticos.

narrativas

Para um mesmo fato, surge mais de uma narrativa que explica/justifica tal fato, ou seja, há muitas figurações que precisam ser expandidas, antes que se faça uma separação precoce do que possa ser falso ou verdadeiro, exato ou figurativo. A partir da diversidade de narrativas, orbitam atores humanos e não-humanos diversos, antagônicos ou não.

cartografia

A cartografia como metodologia assume a pesquisa como dispositivo de intervenção, produtora de acontecimentos abertos à imprevisibilidade da ação.


O movimento alternado do observador-pesquisador, ora em direção ao processo que pretende analisar, ora se afastando dele, desestabiliza a separação entre sujeito e objeto, tornando sujeitos políticos tudo e todos os envolvidos nos processos, com vozes e saberes a serem compartilhados, e, por isso, passíveis de transformação.

assessoria técnica

Várias atividades extensionistas desenvolvidas pelo Natureza Política se aproximam das práticas de Assessoria Técnica, na medida em que demandas socioespaciais são trazidas por moradores e/ou lideranças comunitárias. Contudo, essas demandas são sempre problematizadas, tendo em vista a sua articulação à pesquisa e à produção de uma ciência viva e engajada socialmente, na fricção do erudito e do popular, resultando em um conjunto de técnicas e procedimentos coletivamente acordados, que visa a inclusão social e a justiça ambiental.

giro epistemológico

O chamado “giro espacial” é identificado a partir de uma mudança de ênfase da dimensão temporal para a dimensão espacial da sociedade, mudança esta ocorrida, aproximadamente, a partir do início da década de 1980 em termos da reflexão teórica, mas com raízes concretas que remontam aos movimentos culturais e eco lógicos dos anos 1960-70. O termo “giro decolonial” foi “cunhado originalmente por Nelson Maldonado-Torres em 2005” e “basicamente significa o movimento de resistência teórico e prático, político e epistemológico, à lógica da modernidade/colonialidade.

(HAESBAERT)

práxis instituinte

A única práxis emancipadora é aquela que faz do comum a nova significação do imaginário social. Isso significa também que o comum, […], sempre pressupõe uma instituição aberta para a sua história, […], para tudo aquilo que funcione como o seu inconsciente.

(Dardot&Laval, 2016, p.368)

comum

O comum deve ser pensado como co-atividade (…) somente a atividade prática dos homens pode tornar as coisas comuns (…), pode produzir um novo sujeito coletivo.

Se existe “universalidade”, só pode ser trata-se de uma universalidade prática.

(Dardot&Laval, 2016, p.40)

imaginários radicais

A história é impossível e inconcebível fora da imaginação produtiva ou criadora, do que nós chamamos imaginário radical tal como se manifesta ao mesmo tempo e indissoluvelmente no fazer histórico, e na constituição, antes de qualquer racionalidade explícita, de um universo de significações.

(Castoriadis, 1982, p.176)

emancipação

A emancipação advém tanto da compreensão dos mecanismos de poder e sujeição, quanto da destituição da forma de agência que tais mecanismos pressupõe (…) A emancipação é uma deposição do saber, é uma decomposição da voz e a instauração de uma nova gramática de poder na vida social.


(SAFATLE)

dispositivos

“Um conjunto decididamente heterogêneo que engloba discursos, instituições, organizações arquitetônicas, decisões regulamentares, leis, medidas administrativas, enunciados científicos, proposições filosóficas, morais, filantrópicas. Em suma, o dito e o não dito são os elementos do dispositivo”


(Foucault, 2015, p.364)

poder

O poder tem que ser analisado como algo que circula, ou melhor, como algo que só funciona em cadeia.


(FOUCAULT)